tag:blogger.com,1999:blog-9551273661861609942024-02-01T23:17:22.078-08:00palavras bambasDay Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.comBlogger73125tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-44163896498949663412012-11-05T10:05:00.002-08:002012-11-05T11:46:31.467-08:00dos tempos revirados<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: right;">
<i>[uma foto e aquele dia de artifícios em sonhos coletivos]</i></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
foi num ano novo que passou. a juventude ainda batia na nossa porta, entrava pelas frestas, ria para o gato e se estatelava solta, talvez, um pouco lívida e grávida de esperanças. </div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
a festa ficou presa naquele 31 de dezembro, só que resiste o gosto pela novidade do que ainda queremos viver, mesmo menos jovens ou mais enrugados pelas inconstâncias do tempo. </div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
havia naquela virada uma promessa de mudança, e segui itinerante, meio torta, pouco fugaz. </div>
</div>
<div style="text-align: center;">
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e você? </div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
seguiu seu instinto ou vingou-se em pouca ambição? </div>
</div>
<div style="text-align: center;">
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<br /></div>
</div>
<div style="text-align: center;">
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(escrevo para nenhum destinatário, espero que leia)</div>
</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqveLJoRMvgwNQfqyZpU8r0GghLDg0RQk0DZhGAywI-O32NIVaZnttoB-qMGtYD8OMCQJNccOCnwLpthcAHO0ck-q3Rn6niofXLDr6cwGmADs52qFJbf_Od1BJG_WRsnLkG1ic1jtQnPsG/s1600/ano+novo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqveLJoRMvgwNQfqyZpU8r0GghLDg0RQk0DZhGAywI-O32NIVaZnttoB-qMGtYD8OMCQJNccOCnwLpthcAHO0ck-q3Rn6niofXLDr6cwGmADs52qFJbf_Od1BJG_WRsnLkG1ic1jtQnPsG/s400/ano+novo.jpg" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-56988665189303463752012-11-02T07:53:00.000-07:002012-11-02T07:53:26.505-07:00dos tempos intranquilos<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px;">fazer as malas pela quarta vez, empacotar a casa, embrulhar uma cozinha completa, - cuidado, os copos quebram! - e caixas de livros, discos, entulhos ou bilhetes avulsos perdidos, cadernos do começo até aqui, moradias de uma vida distante, são tantas adaptações, dessa viagem interminável, ah, itinerâncias de 2012.</span></div>
Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-78721717262473545102012-08-12T22:04:00.000-07:002013-01-06T06:52:29.069-08:00das ausências permitidas <div style="text-align: justify;">
Ainda flagro passos seus na calçada, por onde nos trombamos repetidas vezes, no último ano antes da sua morte. Você seguia magro elegante, sem nuances dos oitenta anos. 1,75 m. Os dois olhos tinham cores de noites quentes. Arqueava a coluna como quem precisa enraizar-se no chão. Talvez aí a demora para percebê-lo. Você guardava uma inspiração nasal para cada minuto do seu andar, aprofundava-se em modo introspectivo e voltava a caminhar com o corpo ainda suspenso no presente. E assim parecia prender a vida entre os postes, desnovelando-a, em cada minuto adiante... em direção à Praça das Orquídeas, onde pousava o melhor sol das oito da manhã - como costumava dizer. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu nunca saberia sua idade, se não fosse a necessidade da bengala. Mas agora o que eu preciso lembrar para escrever aqui não é isso. Não era a velhice opaca, que impossibilitava as caminhadas sem a presença da enfermeira antes de não poder mais trafegar até a praça. Não, eu preciso escrever sobre o momento que nos conhecemos e nos reencontramos quase todos os dias, até o início da morte isola-lo aos poucos, e eu precisar vê-lo partir. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Escrevo aqui para lembrar quando passei a entender o fim da minha solidão sem versos fraternos por não ter conhecido o meu pai. Porque sempre precisei fazer das comemorações do segundo domingo de agosto o dia de quem quisesse representar essa presença na minha vida. Então minha mãe, tias, tio-avô, primos das tias revezavam para ir na comemoração da escola, quando se festejava a tal data. E para me livrar da culpa por essa ausência ingrata, dizia aos coleguinhas que papai viajava muito e como a família era grande e todos queriam ter uma filha como eu, a cada ano eu ganhava um pai diferente. E havia em casa até um sorteio para ver quem realmente iria ser o meu pai do ano. Uma atitude democrática, diziam alguns, para tamanha disputa. Invenções infantis para não carregar uma tonelada de sensações hostis à orfandade paterna. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal, doía não saber o tom da voz, o tipo de cabelo e o tamanho do sorriso quando estava feliz, do meu pai verdadeiro. Até então escondi-me com pais emprestados, e resolvi absolvê-los um por um no mesmo dia em que você me visitou no hospital, depois do atropelamento, bem na sua frente, na manhã do dia 25 de maio de 2009. Eu saía da minha casa para pegar o ônibus na parada da Avenida João Dias, dez metros depois, fui arrastada pela motocicleta que vinha na contramão. O motorista não parou e sendo aquelas primeiras horas o turno pouco habitável do bairro Vale do Paraná, principalmente nas férias do Colégio Central, pensei mesmo que nenhuma ajuda chegaria tão logo, por não tê-lo visto ali, minutos antes. Foi quando ouvi ao longe, embora tão próximo, sua voz nervosa e abafada pela lentidão ao se dirigir até mim. Eu ali estatelada, com os joelhos ensanguentados, entre a dor na cabeça, o flash de realidade do granizo quente me apoiando e a sonolência dos olhos entreabertos, já preparada para um desmaio, senti sua mão no meio da minha testa e apaguei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-5727673843237057492012-07-26T19:49:00.000-07:002015-08-03T14:16:04.290-07:00o nó do laço de fita<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: right;">
<br /></blockquote>
Todo dia eu lembrava. Lembrava das saudades. Porém, como julgamos ser melhor não falar, pensar e enfrentar, sempre lembrava que não deveria... testemunhar tamanho desamparo. E não sentir mais era um alívio. Porque eu fingia que você realmente não existia, mesmo quando eu pressentia sua ausência. Você não estava presente, eu não lembrava que sentia sua falta e a ciranda das aflições não forjadas pouco prevalecia. Eu lembrava todo dia, e esquecia logo em seguida, como quem deixa a senha bancária na última gaveta da cômoda, só acessada perante emergências (do esquecimento). <span style="background-color: white;">Então vinha a urgência do consolo, amá-lo era um silêncio bom e calmo ao meu ventre solitário em dias mornos. Depois, já chegavam as noites de verão em boates lotadas, e eu não lembrava se amava-o ou me chocava na verdade com vaidades. Afinal, g</span><span style="background-color: white;">ostar é trazer em si a vaidade de ter no outro algum respaldo para as nossas poucas soluções caseiras para o som de vinil e vinho tinto que são um par perfeito para dois (o clichê dos clichês). Um desalento em aconchego. E você era o ponto final daquilo que pensei nunca mais achar, quando permiti jogar-me do décimo quinto andar. Pois, não existe meia queda no amor, tem um pulo do auge da vontade de se fazer outro/ a, com o auxílio de um pássaro faminto em pleno voo.</span><br />
<br />
<span style="background-color: white;">Assim, nenhuma convicção resguardou qualquer garantia pelo fim próximo, os rastros por onde passamos guardam demarcações em modos poucos ortodoxos para voltarmos ao chão. Tem volta?</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">(...)</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Para a greve das saudades ficamos sem acordos, permanecemos assegurados por uma ingrata inaptidão ao diálogo da paixão. </span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">(...)</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Sobram lembranças.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-33277279487925717962012-07-19T07:19:00.000-07:002012-07-26T18:16:55.831-07:00santos-salvador<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;"><i>Vou voltar para o meu sertão</i></span></div>
</div>
</blockquote>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Entendo de vôos. </span></span><span style="background-color: white; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">E para isso abandonei as velhas manias de somente planar nessas ruas daqui. </span><br />
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;"><br /></span></span><br />
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Estava cansada de amar no outono, recolher fragmentos de ilusões no inverno e só acordar no verão de dezembro. Não sou feita de estações, embora a primavera ainda seja o cartão-postal de minha euforia. Voa-se muito quando as flores realmente são flores, coloridas, plumosas, ousadas. Os acasalamentos são perfeitos assim. Procria-se, sexualiza-se o movimento, coreografias instintivas. Não existem lacunas sem desejos. </span></span><br />
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;"><br /></span></span><br />
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Ainda é inverno em SP? Hoje não sei. </span></span><span style="background-color: white; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">O telhado em frente à minha janela está totalmente solar. </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;"><br /></span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Fique claro, um setembro primaveril ainda está distante, mas meu voo já está marcado. </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;"><br /></span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">A Bahia é logo ali.</span><br />
<br /></div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-76823053684832273112012-06-30T17:48:00.003-07:002012-07-26T18:15:03.614-07:00carta aberta para o escritor Fábio Mandingo<div style="text-align: justify;">
Salvador, 30 de junho de 2.012.</div>
<div style="text-align: right;">
<span style="background-color: white;">Querido Mandingo,</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Precisei de alguns dias para me recompor depois de acabar a leitura do seu livro "Salvador negro rancor". E o mais interessante, antes mesmo de finalizar, encontrei-o no Gerônimo, e quis contar da minha admiração pela sua escrita literária, mas não consegui. Fiquei nervosa ao ter ali tão perto de mim o escritor com quem dialoguei, nos últimos dias, com quem sofri um bocado, em cada conto, junto aos seus personagens infectados por vidas periféricas e propositalmente arredias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso, agora escrevo para você.<i style="background-color: white; text-align: right;">.</i><span style="background-color: white; text-align: right;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando nos encontramos no topo das escadarias do Passo, me vi emocionada - uma fã - diante àquele que deu nomes e cenários para os inúmeros habitantes da capital baiana, renegados pelas inexistentes políticas abolicionistas, até hoje, mas que em "Capitães de areia" (Jorge Amado) são heróis (ou anti-heróis, não importa), mesmo se famintos e desgraçados, um equívoco absurdo. Além disso, com uma ironia sutil, você aponta sobre gringos que tornam bairros inteiros na cidade como suas comunidades alternativas, sem nunca pensar em respeitar a cultura local, a gente nativa, as vidas tantas vezes roubadas por aqui; e toda a história de exploração que já conhecemos. Ou seja, pude vivenciar com os seus personagens as dores que ainda assolam tantos e tantos, todos os dias, de forma cruel.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Moro em Salvador faz quase cinco meses somente, e ao ler o seu livro, percorri agoniada as suas narrativas, foi como acompanhar as gravações de um filme com as cenas que presenciei desde quando aportei por aqui. Afinal, a Bahia do Jorge Amado só contempla uma fatia ínfima personificada na identidade baiana, ideia vendida nos quatro cantos do Brasil. Assim, preciso confessar, pensei que encontraria mais das <i>tardes em Itapoã</i> em SSA, aquelas ditas por Vinicius de Moraes, ou a<i> terra do preto doutor</i> de Dorival Caymmi, não, não foi isso. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Eu vi mesmo um cordão negro de gente vigiada por uma alegria não-democrática, enquanto asseguravam o carnaval dos turistas e foliões, do lado de dentro do trio elétrico. Eu vi meninos raquíticos, descalços, sombrios pelo vício do crack, enquanto puxavam sacos de estopa e latas amassadas para trocar por mais uma pedra no fim do expediente da madrugada. Eu vi o cassetete do policial descer uma, duas, três vezes, no meio do São João, no bêbado inoportuno que traga um gosto pequeno de felicidade no arrasta pé da Ribeira. Eu vi muito desespero ladeira abaixo, pelos gritos dos negros soterrados nos caminho íngremes das ruas do Pelourinho ou agora sufocados pelas tintas coloridas das faixadas das casas, enquanto aguarda-se a Copa do Mundo. </span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span><br />
Eu vi e senti essa solidão e desespero de não ter identidade, CEP, pai, mãe, presente ou futuro, de gente que perdeu a vida antes de nascer.<br />
<br />
E por mais contraditório que possa parecer, eu também encontrei sujeitos evocados pela persistência da construção na busca de outros percursos através da resistência negra. Tudo isso, graças à mandinga e o axé. Algo que não ensina, nem aprende, porque nasce/ torna-se <b>capoeira</b>, como você tão bem descreve no conto homônimo do livro. E como diz o sambista baiano Martinho da Cuíca: malandragem não é pilantragem. E a malandragem é <span style="background-color: white;">o terceiro elemento desse resistir sempre à margem.</span><span style="background-color: white;"> Então mandinga, axé e malandragem são as chaves da resistência; e não é de hoje, mas desde quando precisou-se imprimir na memória, em silêncio e resguardo a dança, música e orações dos pretos vindos do outro lado do Atlântico.</span><br />
<br />
Bom, tenho que dizer que ficou muito difícil terminar essa carta. Agradeço muito por ter conhecido você e toda A Família, como você e Véio costumam dizer. Pois, foi a partir de vocês que pude entender uma maneira de enfrentar as angústias de se reconhecer fruto disso tudo. Eu carrego também as desesperanças dos seus meninos de rua, e luto para continuar a briga, porque não é a rasteira que derruba, e sim a auto-estima degradada pela ideia de não se poder ser sujeito da sua própria história.<br />
<br />
<span style="background-color: white;">Parabéns!</span><br />
<br />
ÊA!<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Um abraço,</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
Dayane<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjvBqxBZZSiyDmyWC-oJuBJMAIB_hzzuu1bcZ8YMT-e6442dUwen0kOZsNd3HVg80x7astr1oSx89L8Ihr09M7saEaBlzLbGqpVDFX02PQSGOUX2eue90QEsfDPTnnPPTcWxY1Aph_iF0T/s1600/foto+Leo+Ornelas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="132" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjvBqxBZZSiyDmyWC-oJuBJMAIB_hzzuu1bcZ8YMT-e6442dUwen0kOZsNd3HVg80x7astr1oSx89L8Ihr09M7saEaBlzLbGqpVDFX02PQSGOUX2eue90QEsfDPTnnPPTcWxY1Aph_iF0T/s200/foto+Leo+Ornelas.jpg" width="200" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBvwFGZwAt6KNpOIcrxUbAtOZ-qHUrY1ri0nmUX7SE5r6pqH_rCUVazoQMB_l1R9AE2_pfpKZlB3iaTq129c9IrrMaMZfVRbhXyEnmgrXEZiwkffrQwCz89R-KA62RdsBZJRU2vedl5FBs/s1600/foto+Leo+Ornelas2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBvwFGZwAt6KNpOIcrxUbAtOZ-qHUrY1ri0nmUX7SE5r6pqH_rCUVazoQMB_l1R9AE2_pfpKZlB3iaTq129c9IrrMaMZfVRbhXyEnmgrXEZiwkffrQwCz89R-KA62RdsBZJRU2vedl5FBs/s320/foto+Leo+Ornelas2.jpg" width="320" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ2_sYttjjWJkcIGZzGgLTQQ4aGBQo7jfBn_G1ApLSGRHI5tcvSizy4xGjDClZyDFW9h-8jD4vC6GCxyfqtk14HQ2WtTgod1bMAqXe-OAj8-Sjm_3d0IBGC2jOQK_7a8K0xaRc2XKphjg6/s1600/foto+Leo+Ornelas4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ2_sYttjjWJkcIGZzGgLTQQ4aGBQo7jfBn_G1ApLSGRHI5tcvSizy4xGjDClZyDFW9h-8jD4vC6GCxyfqtk14HQ2WtTgod1bMAqXe-OAj8-Sjm_3d0IBGC2jOQK_7a8K0xaRc2XKphjg6/s200/foto+Leo+Ornelas4.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1_IizTVgTbqxtoSFJ3y8F0WCdC5RHdTz9nZmgjnRYLoke7MJv0jsrk9qxduBsuuQjLTpceC7EziPmpsHI2sgzrBR_8Ygx46317TeGLs9t26IAd33UCx9e7vrOsHYN7WHV-5-IhoLZE8Pv/s1600/foto+Leo+Ornelas3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1_IizTVgTbqxtoSFJ3y8F0WCdC5RHdTz9nZmgjnRYLoke7MJv0jsrk9qxduBsuuQjLTpceC7EziPmpsHI2sgzrBR_8Ygx46317TeGLs9t26IAd33UCx9e7vrOsHYN7WHV-5-IhoLZE8Pv/s400/foto+Leo+Ornelas3.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
Imagens da série "Cotidiano". Em Salvador. Por <a href="http://www.facebook.com/leo.ornelas.14" target="_blank">Leo Ornelas</a>.</div>
</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-45544366081769374142012-06-29T18:04:00.000-07:002013-09-15T06:44:33.788-07:00dos excessos<br />
<div style="text-align: justify;">
O ir e vir vertical é de extremo desespero. Tenho abusado deste processo osmótico ao me magnetizar por campos de emoções pueris, clandestinas, importadas no momento máximo da desilusão. Então deixo escorrer através dos meus dedos <span style="background-color: white;">qualquer segurança -</span><span style="background-color: white;"> controle hedonista. Apoio os pés num método ausente de rigor para ganhar descompostura. </span><br />
<br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Turva, quase voo.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<br />
Encontrei para isso algumas táticas de sobrevivência: boias flutuantes para não afundar, quando preciso subdividir os desejos até que se tornem constelações desconhecidas.<br />
<br />
<br />
Assim, navego.<br />
<br />
<br />
Desejos não cartografados ou não contemplados em experiências reais sempre correm o risco de se perderem nos bastidores. Por isso, antes do ápice estelar, filtro as sensações emolduradas ainda na prévia da não-ilusão, de poder ser ainda um momento de plena emoção, a mesma do otimismo dos utopistas.<br />
<br />
<br />
Sigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E tal desarmonia tem uma cor, vermelha. <span style="background-color: white;">Não, o vermelho do batom-cereja, usado para convidá-los, rapazes, à sedução pela intimidade labial; não é o vermelho que aborrece o concreto do Morro do Chapéu, quando Elias ou Ivan ganharam duas balas perdidas num acerto de contas entre Fininho e Josias do Beco; não é o mesmo do choro no aborto programado de Sara ou Jussara, na sala improvisada para cirurgias sem acompanhamento médico regular no centro velho de SP; e tampouco o vermelho escarlate da bolsa da Maria C, que passou a cobrar 200 contos por duas horas de práticas sexuais. </span><span style="background-color: white;">O vermelho aqui é epitelial. </span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Vago.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A minha pele denuncia a matiz avermelhada de tanta desordem, está tomada pela alergia de silenciar os gritos miúdos da inconformidade com cheiro de azedume. <span style="background-color: white;">Entre pelos e engenhos subcutâneos, guardo poucas soluções para harmonizar tais conflitos íntimos. São táticas sangrentas, entre veias e poros, para continuar sobrevivendo à dúvida do por vir e do vir a ser. </span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">Sem sonho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-23234542829121439012012-06-04T15:01:00.001-07:002012-06-07T08:51:00.477-07:00ainda há algum tempo<div style="text-align: right;">
<i>Às vezes, a despedida chega antes da partida</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
5 horas da manhã. Passou dos lados opostos da cama, sem você notar o quê os entrecortava. De um lado, curvou-se o mais que pode - e quis acordar antes do despertador. Do outro, tentou um abraço seu, mas você não a tocou, nem a protegeu. Ficou ali, encolhida ou suspensa pela espera de vestir-se de outro dia, outras 24horas, outras demandas, mais um passo adiante e muitas tentativas por um aceno distante.<br />
<br />
As noites de inverno sempre demoram mais para acabar. São como relógios de parede, enguiçados, em salas de casarões coloniais. Amplas e desabitadas. Sem conforto algum, sentia-se um ponteiro burro, domesticada pela finitude daqueles lençóis dispersos, eram as margens de um rio, os limites do casal. <br />
<br />
Então levantaria a qualquer momento, embora buscasse o momento ideal, embora esperasse o espartano som, às 5h45.<br />
<br />
(...)<br />
<br />
O seu ronco emanava os descompassos territorializados pelas dúvidas e lembranças, pelas conversas que tantas vezes avizinhavam o sono, mas perderam de modo súbito a possibilidade de continuar existir.<br />
<br />
Tornaram-se amantes plastificados pela total falta de proximidade atual?<br />
<br />
(...)<br />
<br />
As chaves ainda estavam do lado de dentro da porta, aguardavam algumas reviravoltas. Seriam cúmplices da fuga. Já estava tudo armado.<br />
<br />
Você sabia.<br />
<br />
(...)<br />
<br />
Entre levantar-se da cama e ir, não há narração possível. Nestes minutos, desapegou-se do chão, partiu-se em mil caquinhos, pensamentos soltos e nenhuma atenção para o trivial.<br />
<br />
(...)<br />
<br />
E saiu, não pela última vez, mas até não conseguir voltar nunca mais. Só não sabiam quando. Amanhã, ou depois e depois.</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-85912141532083936212012-05-18T23:28:00.001-07:002012-05-20T22:07:21.270-07:00das ausências<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<i>A voz doce não cansa de acenar encanto</i></div>
<br />
Desci correndo pelas escadas. Todos ficaram no andar de cima, acharam que eu retornaria a qualquer momento, mas não olhei pelas costas. Tanto que já não senti mais aquela dor insuportável quando pendia para o norte. Desci degraus pares, para conseguir substituir o olhar pendular de Dona Cristina, lá da cozinha, pela minha certeza ao atravessar o quintal. No chão de barro já havia algumas amoras prontas para serem colhidas, mais adiante o pé de abacate estava coberto dos seus frutos verde-bandeira, amadurecidos também. E lá no fundo da garagem, ouvia Lucas pular do skate, desavisado, caía desajeitado sem saber manobrar seu novo brinquedo. Olhei para a fachada da casa, soltei os meu sapatos perto do portão menor, aquele por onde mamãe recebia as visitas, fui mais adiante. Sorria e corria em passos largos, firmes, clássicos. E logo fui tomada por uma dança, um solo, compassada em notas de um choro. As vizinhas começaram a olhar pela janela, curiosas, interessadas. Não entendiam de onde vinha aquela canção. O meu vestido branco-copo-de-leite, ora flor, ora líquido brando despia-me nas sutilezas de quem se veste para seu orixá às sextas-feira. Segui os espaços menos esburacados da avenida principal. Lá estava. Avoada. Um pouco cansada. Passei pela casa do Jorge. Mais adiante vi Samuel e Lia. Eles não me viram. Adentrei a vila dos pescadores. Caminhei mais cinco minutos. Cheguei no mar e finquei os meus pés já presos na areia, esgotando-me.<br />
<br />
A tarde já arriava suas inseguranças de não anoitecer.<br />
<br />
Carreguei-me até não conseguir vencer qualquer presságio - eu, marítima - junto ao desejo de meditar o fim de não-estar, de não-ser <b><strike>outrora</strike></b>.</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-81256605580023280812012-05-17T07:40:00.000-07:002012-05-18T18:05:32.961-07:00palavras do orvalho<div style="text-align: right;">
para Juê</div>
<div style="text-align: right;">
<br />
<br />
<br /></div>
<br />
Anotações de um diário clandestino:<br />
Às vezes não dou conta.<br />
Muitas vezes não quero ver.<br />
Outra vezes me dou por satisfeita.<br />
<br />
<div>
<div>
<b>Avenidas,</b><br />
<b>Gargalhadas,</b><br />
<b>Máscaras carnavalizadas,</b><br />
<b>Marcas de um dia de fevereiro.</b><br />
<br />
As encenações não estão postas<br />
- Necessidade de realidade -</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Eu, singular?</div>
<div>
Eu e a minha fé remota. </div>
<div>
Eu e minha escrita particular, modulada pelo meu amadorismo, pois não sei rimar.<br />
Crise existencial?<br />
<br />
Às vezes, remo.<br />
Muitas vezes, afundo.<br />
Outras vezes, me salvo.<br />
Anotações de conclusões literais.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<b>Janelas solitárias. </b></div>
<div>
<b>Mágoas.</b></div>
<div>
<b>Fantasmas.</b><br />
<b>(Marcas de um qualquer)</b></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Há uma<i> solitude,</i> necessidade de poesia.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Eu?<br />
Resguardo.<br />
(Afinal...)</div>
<div>
<br />
___________________
<br />
<br />
<br /></div>
<div>
<b>Salvador, Outono ou Inverno?, chove muito, 17 de maio de 2012.</b></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br />
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
<div>
<br /></div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-15733234665485268482012-05-02T07:17:00.001-07:002012-05-02T14:10:33.015-07:00imagens e letras em trânsito<div style="text-align: right;">
para Fi, </div>
<div style="text-align: right;">
minha querida<br />
<br />
<div style="text-align: -webkit-auto;">
</div>
<div style="text-align: right;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;"><i>Eu tenho tanta estrada em meu caminho</i></span><br />
<i><span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;">E muitas ilusões pra tropeçar</span></i><br />
<i><span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;">Quem segue a tua luz não vai sozinho</span></i><br />
<i><span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;">Tem sempre uma estrela pra guiar</span></i></div>
<i><span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;">
</span></i><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em cada rodoviária, vou até você e volto. Toda vez que preciso partir, quando adentro um ônibus, numa nova estação de embarque, me remeto a você por alguns segundos. E por causa disso, por causa dessa saudade que vai e volta junto às malas dos passageiros, presa à inconstância das vidas num lugar como esse, resolvi construir um diário aéreo. Em cada nova partida, vou até você e volto. Num cartão-postal. Adoro tal tipo de correspondência. Gosto de ficar redesenhando aquela imagem e todos os seus desdobramentos. Em cada um deles, suas fotografias fazem um novo viajante. Ah, se cada turista resolvesse desmontar os olhares fixos dos postais, transformaria sua viagem num novo começo. Viajar é achar um lugar nunca habitado por ninguém. Desconfio sempre das cidades que ainda não fui. É como se não existissem. Até que tenho a oportunidade de aportar por lá e o cartão-postal vira uma das referências e toda a cidade se constrói. Casas, prédios, pessoas, hábitos, comidas e perfumes. Uma mudança de espírito. E então todos fazemos parte da mesma chegada, a minha até ali - mesmo que tudo já morasse naquele <i>cartão</i> remetido, lá na rodoviária para você.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
*<a href="http://letras.terra.com.br/maria-bethania/164694/" target="_blank">Ilumina</a><br />
<br /></div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-7355497936803368902012-05-01T11:42:00.000-07:002012-05-19T08:20:46.462-07:00a poesia do espaço<div style="text-align: justify;">
Cheguei em <i>você</i> assim como quem se atrai pela luz do farol de Itapuã, depois de nadar léguas e léguas... e então avista um repouso em tal novidade praiana, um novo norte. Salvador não seria a mesma se não fosse a <i>sua</i> geografia. Cartografo-me em <i>seu</i> corpo, dimensiono toda a baianidade na nossa ginga, pra depois ganhar as ruas soteropolitanas com passos demarcados mais pela curiosidade de um viandante, menos pela agressão da ocupação de um forasteiro. Percorro toda a orla, da Barra até Piatã ou do Rio Vermelho até Flamengo, sem a pauta de um turista. Fixo-me nesses dias claros, sol a pino e algumas pancadas de chuvas, que nada lembram o outono de Santos e anunciam um inverno ameno. Tudo tem sido sem grandes pretensões, sem a necessidade austera em acolher os seus segredos - porque, sagrados. Meus pés já não são tão SP, e toda a performance atual dos meus quereres estão em SSA. Danço e despeço-me das agruras do paulista marrento, sorrio e sambo como quem sobe o morro e se percebe em paz com os <i>seus</i>, os nossos. É. Estou bem. <i>Você</i> me ensinou a <i>geografia da unidade.</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/wwafGWnYL8A?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: #ebebeb; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Trecho do filme "Barravento", de Glauber Rocha (1962). Os pescadores de uma comunidade da praia de Buraquinho (Itapuã, Salvador, Bahia) realizam a puxada de rede do xaréu.</span></div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-86411012799368308692012-04-21T18:11:00.001-07:002014-04-14T06:50:37.067-07:00Bahia... ou por onde andei...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGIfqmw_kJMRpftfjEGJzJZnQLOr8vNEWuao03yXGRDWv76eBPuOv1f0wSTmyNZYvKqdj-cDnOn2UvzS3hT-FiR7PJuX751DZ6JNUIYifw-OTCPWMMqP8SAaZwmInrrq5YUg4NtWW6xct3/s1600/135.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGIfqmw_kJMRpftfjEGJzJZnQLOr8vNEWuao03yXGRDWv76eBPuOv1f0wSTmyNZYvKqdj-cDnOn2UvzS3hT-FiR7PJuX751DZ6JNUIYifw-OTCPWMMqP8SAaZwmInrrq5YUg4NtWW6xct3/s320/135.JPG" height="320" width="240" /></a></div>
Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-44770521777765187952012-04-16T16:47:00.034-07:002012-05-01T16:23:30.839-07:00eu, música<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Em uma hora não determinada, forjam-se Maria e Eduardo, Sebastião e Tiago, Italo e Monique, Maria e Suzana, todos se trombaram em alguma estação, de rádio FM, ou de trem, e lá havia uma música, só deles, só eles ouviram, pois, só eles guardarão na lembrança dos gestos inéditos a melodia do casal, feita na sintonia sem embaraços, desenhada na partitura construída a partir de então.</span></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/lIU0xRah6nA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-77291442108900128522012-04-08T09:04:00.016-07:002013-05-22T04:59:21.665-07:00eu, não<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: right;">
<br /></blockquote>
Todos perguntam se eu vivi tudo. Tudinho? Nada, não teria tempo para isso, <i>baby</i>. Escrevo em eu's inventados, depois de percorrer avenidas íntimas ou alguma praia habitável. Aprendi que não deveria abusar dos adjetivos. Uma pena, professor! Adjetivos são a parte doce da língua. Só causam diabetes em última instância. <i>I'm so sorry, but...</i> ABUSAREI das adjetivações até segunda ordem, ou seja, até outra estética textual chegar e me levar para outras ideias, sensações e construções literárias. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Escrevo para não morrer de embolia, para comprar um pão fresquinho de manhã e saber comê-lo e para esquecer as vidas deixadas nas frestas ou vãos dos desencontros. Já me desencontrei de você hoje? Não conheço os meus vizinhos. Eles só aparecem quando batem a porta atrás de si, para apagarem-se em seus cotidianos espalhados em tapetes simétricos à cor da geladeira. Nunca enfrentamos o mesmo corredor - será que nos apaixonaríamos? Teríamos filhos? Ou te odiaria como quem rasga a diplomacia e política da boa vizinhança? Não vejo o seu rosto, <i>stranger. </i>Os seus horários não combinam com os meus. Falta sincronicidade. Sintonia. O raio que o parta. Ou algo assim. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porém, não se dê ao luxo por não vê-lo, caríssimo(a). Tanto que eu escolhi não ver mais.<br />
<br />
*</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Escolhi esquecer aquele adeus, quando o fulano ou beltrano resolveu sair e não se despedir das roupas jogadas no banheiro e das louças empilhadas do último jantar. Fui embora também naquele dia. E vou embora mais um milhão de vezes, enquanto o ponto-e-vírgula for maior e as permissões se ocultarem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
*</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você PERMITE-SE viver, leitor? <br />
<br />
Você já olhou a cor dos olhos do seu vizinho? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
*<br />
<br />
É domingo aqui. Sinto um cheiro de frango com batatas, haverá um almoço de família no 203? Acho que o meu vizinho está com visitas em casa, ouço crianças extra-habituais correndo em cima da minha cabeça. Dia dos encontros forjados? Eu não sei me fantasiar de filha, neta, prima. E fico matutando como seria a persona de todas elas. E de tais papéis sociais vão se construindo imagens, personagens, vidas para além de nós. Então adjetivos são criados, juntos com palavras substanciadas por sentimentos orgânicos. Em resumo, cumpro a minha sentença com todos os meus eu's. Das ausências, dos desencontros, excomungo-me. E enraízo outra esquina, porque as quinas nas ruas são pontos comuns (mas pouco ocupados) - VOCÊ estará lá, me espera?<br />
<br />
*<br />
<br />
Eu não sei me desencontrar, sei mentir e inventar. A minha escrita é sua? A gente pode sair por aí mais tarde. Todos os cafés, praças públicas ou botecos poderão nos receber. Chegue mais. Avizinhe-se. EU estarei lá, ou não, <i>my dear.</i><br />
<i><br />
</i><br />
<i>*</i><br />
<i><br />
</i><br />
<div style="text-align: center;">
Para ouvir lendo. Experimenta! </div>
<div style="text-align: center;">
<i><br />
</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://0.gvt0.com/vi/0-HW_2c3JTw/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/0-HW_2c3JTw&fs=1&source=uds" />
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<div style="text-align: center;">
<h3 style="background-color: white; border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-image: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: center;">
</h3>
<h3 style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-image: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; line-height: 21px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Sheila Take a Bow</span></h3>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Is it wrong to want to live on your own?</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">No, it's not wrong - but I must know</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">How can someone so young</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Sing words so sad?</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-weight: normal; line-height: 21px;"><span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Sheila take a, Sheila take a bow</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Boot the grime of this world in the crotch, dear</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">And don't go home tonight</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Come out and find the one that you love</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">and who loves you</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">The one that you love and who loves you</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-weight: normal;"><span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Is it wrong not to always be glad?</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">No, it's not wrong - but I must add</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">How can someone so young</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Sing words so sad?</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-weight: normal;"><span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Sheila take a, Sheila take a bow</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Boot the grime of this world in the crotch, dear</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">And don't go home tonight</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Come out and find the one that you love</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">and who loves you</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">The one that you love and who loves you</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-weight: normal;"><span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Take my hand and off we stride</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">You're a girl and I'm a boy</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Take my hand and off we stride</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">I'm a girl and you're a boy</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-weight: normal;"><span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Sheila take a, Sheila take a bow</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Throw your homework onto the fire</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Come out and find the one that you love</span></div>
<div style="font-weight: normal; line-height: 21px; margin-bottom: 3px; overflow-x: hidden; overflow-y: hidden; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Come out and find the one you love</span></div>
</div>
</div>
Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-25688257810955743602012-04-03T19:09:00.017-07:002012-05-01T16:28:18.290-07:00nossa bicicleta oceânica<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: left;">
releitura do texto:</div>
<div style="text-align: left;">
<a href="http://palavrasbambas.blogspot.com.br/p/decupagem.html" target="_blank">Decupagem</a></div>
<br />
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
Para Noelle e Pietro<br />
<br />
<br /></div>
</div>
<blockquote class="tr_bq">
Um casal e suas bicicletas. Uma praia.</blockquote>
E um registro cinematográfico.<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Márcio, olho adiante e deixo a maresia, esse vento praiano, as cores do mar ao fundo nos espiando. Somos protagonistas deste seu filme, olha lá, as crianças brincam e correm de um lado para o outro. </div>
<div style="text-align: justify;">
Outros namorados caminham soltos, mas agora somente seus olhos registram este capítulo dos encontros amorosos da humanidade inteira.</div>
<div style="text-align: justify;">
Somos um trecho de tantas histórias que já existiram, acontece em nós, e surgirá para outros casais.</div>
<div style="text-align: justify;">
O amor não para, ele não espera. </div>
<div style="text-align: justify;">
Dentro de nosso passeio de horas vivas e que se alargam a cada segundo a frente, num progresso calmo, de onde você me vê, e porque me vê, sim, percebe meus cabelos despenteados, e meu rosto tão seu, bonito para os seus olhos, assim, Márcio, vou sendo vista por você para sempre neste filme, para todas as gerações futuras que procurarão alguma verdade na nossa união, no nosso pacto destas horas eternas.</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-1127209373000969042012-03-22T08:48:00.013-07:002012-04-23T14:17:27.596-07:00novos ares ou declaração de amizade ou saudade<div style="text-align: right;">
Aos meus queridos, com carinho</div>
<br />
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: right;">
Quem partiu vai em partes para toda parte e se debate com as partes trazidas, daqueles guardados na margem da despedida* </blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acordei madura de ideias. Tive vontade de escrever e-mails, cartas e posts novos no blog. A minha amiga Jan escreveu de Jundiaí: Lua Nova em Áries, tempos novos, hora de colocar a criatividade e a intuição para funcionar. Gostei! Gostei tanto que mudei a cara do meu blog. Mudei as cores e o formato. Isso de mudar os "apetrechos" sempre funciona comigo. Só nunca tive coragem de mudar a cor do cabelo. Mas quando mudo a cor das unhas e do batom sempre trazem resultado. Parece que ficamos visíveis, de alguma maneira. Os amigos notam, alguns transeuntes soltam elogios pitorescos e a vontade de viver toma um jeito especial - mesmo que seja por algumas horas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E falando em mudanças, hoje faz um mês e dez dias que estou morando em Salvador. De repente, mudei de cidade e de paradigmas. Tenho me erguido de uma forma diferente, quando levanto do sono pela manhã. É como se Salvador sempre tivesse sido minha casa, mesmo eu nunca tendo colocado os pés nela. Ando por suas ruas e avenidas e me reconheço. Olho para o azul-sem-fim do mar e vejo um horizonte promissor. Não sei ainda qual é o meu Orixá, porém, já concebo a existência deles. Caminho pelo centro histórico, mais precisamente pelo Pelourinho e tenho a sensação de ter vivido ali em algum momento - deve ser a presença dos meus ancestrais?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda não consigo descrever o que é realmente morar na Bahia. Sei dessas impressões e do quanto hoje retomei desejos ou paixões sinceras. Muitas vezes nos tornamos prisioneiros de verdades ingratas e colocar o pé na estrada faz lembrar que o mundo gira e é necessário se deslocar. Eu sempre tive essa sensação, mas algo me prendia na minha terra natal. Foram vinte e nove anos e alguns meses, um punhado de amigos e segredos literais escondidos nas ruas e canais de Santos. Mas hoje sinto que cumpri a missão por lá. Hoje quero mesmo é ser uma cidadã do mundo. Sem lenço e sem documento, como cantou Caetano? Sei lá! Mais mesmo com uma identidade em constante transformação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Poxa, lógico que sinto saudades, muitas saudades, dos meus amigos e familiares. Boas conversas numa mesa de bar na Rua do Comércio, tragos de cigarro na praça do Gonzaga ou horas a fio de dias caiçaras não se constroem de qualquer jeito. Quando se é filho de migrantes, sua família passa a ser seus amigos. E os meus amigos são minha família, é fato. São meus irmãos, meus companheiros para qualquer lugar aonde eu for a partir de agora. Os nossos destinos já foram cruzados. Meus filhos vão ter muitos padrinhos. Às vezes passeio por uma praia de Salvador e ao caminhar nas areias daqui, fico parafraseando Gonçalves Dias em sua Canção do exílio ("Os pássaros que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá"). A praia daqui não me leva para o mesmo mar de lá - brinco em sentimentos saudosos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao mesmo tempo, não sou exilada da minha terra, vivo em Salvador por uma opção, por uma busca pelas minhas raízes afro-brasileiras, pelo reconhecimento dos meus entes nordestinos, por um novo jeito de ser mais brasileira, menos paulista. E aí vejo que está tudo bem. Em breve, a Maria vem me visitar, e depois vem a Raquel, e vou escrevendo cartas, mandando torpedos àqueles que estão longe - e perto -, quando preciso matar as ausências. Hoje queria preparar uma festa para receber todo mundo no final de semana, vocês viriam?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje acordei com ideias mirabolantes...<br />
<br />
_________________________________________</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
*sms para o meu amigo Nego :D</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-3739085315028562662012-03-14T09:42:00.014-07:002012-04-04T05:58:36.818-07:00da primeira manhã de um casal<div style="text-align: right;"><i>'eu faço samba e amor até mais tarde'</i></div><div style="text-align: right;"><i>(Chico Buarque)</i></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">A chaleira vermelha dava pequenos estalos. Eu preparava nosso primeiro café da manhã. Pão de sal ou cuscuz, você não sabia escolher. Enquanto a água esfumaçava a tampa de vidro do fogão, dizendo que o pó de café poderia ser coado, olhei para você e você sorriu - sentado em pouso na entrada da cozinha. Três segundos depois disse que queria mesmo pão. E a chaleira fazia o grito das primeiras horas de todas as manhãs, senão vibrasse esta tão concatenada, derramando-se pela familiaridade ao redor. E você sorriu pela terceira vez. E eu já não sabia se sorria de mim ou para mim, se queria mesmo pão com café ou leite e cuscuz. Então continuou a me espiar, a fotografar os meus gestos enquanto eu levava a água fervente até o coador branco - observava para saber se me concentrava mesmo para além de nós? Entre os minúsculos grãos de café se liquefazendo e a vontade de desistir do desjejum, fui buscando aquilo que nos trouxe até aqui. Era o quê? A praia, o samba ou as leituras no sarau no Pelourinho? Foram tantas cervejas e acarajés antes de você estar na cozinha de casa, foram flertes pouco encorajados e piadas 'bonitinhas' pela espontaneidade de me ver falar coisas pouco embaraçosas, porque eu tinha medo de mentir. O aroma cafeinado se instalava no reajunte dos azulejos, então você veio sorrateiramente, com menos risos, puxou um abraço, sem sugerir, indicou que poderíamos ir para o quarto e deitar mais alguma melodia outra vez.<br />
<br />
O café ficaria para depois.</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-5445145769948730472012-03-07T14:39:00.058-08:002012-04-26T08:34:06.033-07:00cartas marítimas IV<div style="text-align: justify;">
São Paulo, 23 de fevereiro de 2022.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><span style="background-color: white;">Ana,</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">precisei dessas semanas de ausência, desses dias perto do Pedro, longe de todas as parafernálias que nos convocam e assombram o tempo inteiro em São Paulo - por isso, a demora para responder suas cartas. Envio os originais do meu futuro livro: <b>Náufragos e líricos -</b> sim, foi assim que resolvi chamá-lo. É um livro de contos. E todas as histórias e personagens estão mergulhadas na<i> ida sem volta</i>, no <i>quase</i>, no<i> limiar,</i> e depois <i>apogeu</i> da entrega, e da luta para não sucumbirem à morte anunciada, quando descobrem a inutilidade de tudo isso, mesmo não sabendo/ podendo fazer diferente. São personagens apaixonantes, mas muito ingênuas. Tive dó, muita vezes, de alguns deles. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Não gostei muito das suas últimas cartas. Na verdade, fiquei bastante preocupada com você. Pois não consegui entender tanta fúria. Ou melhor, eu entendo sim, mas dói ver alguém rasgar os pulsos e cartografar em sua própria pele tamanho desespero. Afinal, mesmo quando sabemos de tudo isso (amores naufragados), ainda é necessário escolher uma esperança - uma possibilidade de rearranjar a dor num outro prumo, naquele que não ameace tamanho desgosto. Você é uma poetisa, minha amiga, e tem a promessa de re-significar os olhares. Quando leio e releio seus livros, lembro o quanto sou feliz pela nossa amizade, o quanto sou grata por tudo que já dividimos até aqui. Então não posso permitir essa sua briga com a idade, com o corpo. Perde-se a rigidez dos músculos, e ganha-se disposições para melhor contemplar as horas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Pedro e eu queremos você muito bem. Venha para o Brasil nos visitar, que tal?</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Minha querida, dediquei o livro ao Pedro e a você. Estou ansiosa pela sua leitura, penso que vai ter algumas surpresas. Depois da cirurgia, fiquei bastante sensível à impossibilidade de caminhar. Porque andar sempre foi uma necessidade minha de ir e vir, de partir e voltar quando eu quisesse. E nestes meses que precisei resguardar os pés e conter-me com o cotidiano às janelas do apartamento na praia, me senti limitada sem a presença da cidade e seu arcabouço de gente e concreto. A varanda de Santos emoldurava o sossego que não vemos em outras geografias, seja as praianas ou mais bucólicas. Mas também engessa os sentimentos e a vontade de desejar outros mares e horizontes, tamanha tranquilidade. </span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">E aí nasceu </span><span style="line-height: 18px;"><b>Náufragos e líricos </b>e assim me vi disposta a pensar num outro livro, um romance. Quero escrever a história de um casal separado pela tragédia de uma menina suicida; eles não veem a morte da garota, mas vivenciam seus próprios dramas ao estarem, em momentos diferentes no local do acidente. Vamos ver o que consigo, os meus dedos estão frenéticos por estes tempos. Devo escrevê-lo em breve.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Vou aguardar sua resposta. Olha,</span></span><span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px;"> tudo o que eu realmente gostaria de dizer para você, neste seu momento de angústias e renúncias está nestas narrativas do livro de pessoas tão femininas e estremecidas pela perda e resignação constante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Saudades.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Um beijo e abraço,</span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Maria Paula</span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px;"><br />
</span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px;">---------</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px;">Maria Paula corresponde-se com Ana, personagem de <b><a href="http://vimeo.com/31174221">A janela poética</a></b>, da autora Noelle Falchi em:</span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
<div>
<a href="http://euresguardo.blogspot.com/2012/01/cartas-maritimas-2.html">Cartas marítimas 2</a> </div>
<div>
<br /></div>
<div>
<a href="http://euresguardo.blogspot.com/2012/01/cartas-maritimas-3.html">Cartas marítimas 3</a> </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Tais cartas nasceram daqui:<br />
<br />
<a href="http://palavrasbambas.blogspot.com/2012/01/cartas-maritimas-i.html">Cartas marítimas I</a></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br />
</span></span></div>
</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-65268318982906254352012-03-06T15:40:00.020-08:002012-03-09T12:42:15.865-08:00meus dias inquietantes na Bahia<div style="text-align: justify;">Papel em branco, poderia ser o título deste post. Porém, decidi por algo escancarado: meus dias inquietantes na Bahia. É. Hoje faz quase um mês. O que parece muito mais. Às vezes tenho a impressão de ter passado um ano, já. Porque a Bahia me abraçou, me engoliu, igual aquelas paixões avassaladoras. E o que é mais interessante é o gosto da mudança - é fazer-se estrangeiro, mesmo falando português, mesmo tudo isso sendo Brasil. O diferente aqui é poder respirar a forte presença de ancestralidade africana, de cultos populares ainda respeitados por muitos. No domingo fui numa roda de capoeira angolana, e quase entrei em transe, com a roda e seus corpos dançarinos em golpes leves, deslizantes em chão de pedra e dotados de espírito sagaz. Estávamos em plena praça pública e todos paravam para olhar, aquele jogo, cantado, suado, ao som da percussão, das vozes e do berimbau. Ali entendi o meu presente, e todo meu estado de euforia. A Bahia me abraçou, depois deu um sacode e pediu para eu ficar. Tornei-me um papel em branco, assim. Se todo escritor vive a liberdade e a solidão ao começar suas histórias, confesso: Salvador é uma festa e eu preciso me escrever nela/ dela/ com ela... e deixar escapar o silêncio do começo, até o fim.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4_G5NT1RDISe_gLX4DkB3jTmLWtSVDsdH1WD14_EvQA5U12sXpv1qxZRxyaOSCE2T7_a2L7p_p9lF-Lx3SzSsKXwtt0mprv3pEvAjdQiJkZMytj-xi2YA3eWf3Bb6eH5JWnf2LGYQUDcE/s1600/1.1303897037.capoeira-in-rio-vermelho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4_G5NT1RDISe_gLX4DkB3jTmLWtSVDsdH1WD14_EvQA5U12sXpv1qxZRxyaOSCE2T7_a2L7p_p9lF-Lx3SzSsKXwtt0mprv3pEvAjdQiJkZMytj-xi2YA3eWf3Bb6eH5JWnf2LGYQUDcE/s400/1.1303897037.capoeira-in-rio-vermelho.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br />
</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-54434700555912031132012-02-11T09:17:00.002-08:002012-03-06T16:46:14.538-08:00da perspectiva de quem vai<div style="text-align: justify;">quando o táxi arrancou, nos despedimos em quereres conflitantes, e você segurou-se no levante do impulso do soluço, e seus olhos marejaram, e eu olhei pela janela, dentro do carro, te deixando presa num quadro concreto, de carne e osso. quando fui me vendo partir, e ir, vi como é ficar, e como é querer ir, e já fui, já estou, longe de casa, da praia, dos canais, dos meus melhores e piores anos na Santos que sempre será minha referência, meu colo amigo e briga familiar. quando a ficha caiu, quando senti um calor solar e um vento baiano nos cabelos, não segurei a emoção, porque os meus olhos presos naquela cena de você me amar e me deixar ir é a extensão do nosso cordão umbilical e a ruptura das raízes paulistas - por ora?<br />
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Bahia, 11 de fevereiro de 2012.</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-78873692447336574142012-01-18T05:05:00.000-08:002012-01-20T15:16:42.219-08:00nota sobre a falta de inspiração<div style="text-align: justify;">Não ter uma inspiração pronta prejudica o sucesso do texto. Nestes tempos de tantas mudanças, tentar poetizar tem sido difícil. Além disso, ando muito careta, sem vida boêmia, sem cigarros, ando apagada pela falta do último trago, da falta da lua antes de amanhecer. Muito pelo contrário, agora bebo chá para dormir e vou para cama depois da novela das oito. Mas escrever é fingir, viu. Por isso, ando querendo fingir tudinho, o amor, o gozo e a dor. Posso? Ah, caro inspetor dos sentimentos alheios, você que parece saber de tudo, você que recrimina a doçura, me deixe em paz, porque quero guardar o meu soluço esperançoso numa prosa ou num conto, sem a sua censura. Afinal, ainda sonho com uma vida menos patética, menos ácida. Não diga aquilo que devo pensar ou sentir, sua política não cabe em mim, pois sua rebeldia não me assusta. Dá para respirar romances e atuar na desorganização do crime armado, tudo ao mesmo tempo. A linguagem literária rasga e destroça gente imbecilizada, já tentou desta maneira? Poesia nunca foi resultado de ignorância da fome. Um poema pode segurar o suplício de uma nação inteira ou ser um tiro no pé do fulano desatento com a sua condição. <br />
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Isso aqui é só uma nota, no próximo post trabalho melhor as ideias, mesmo se não tiver inspiração suficiente.</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-50404853498138825502012-01-10T07:21:00.000-08:002012-01-18T05:09:21.673-08:00nota sobre o tempo dos encontros<div style="text-align: justify;">Nunca mais. Nunca mais é tanto tempo. E com o tempo não há vacilos. Não há senões. Não existe meia-volta vou ver de novo ontem. Porque as horas se dilaceram de forma contínua, sempre para um momento derradeiro. Nesses últimos dias, tenho reparado no desgaste do tempo. E lembrei de algumas pessoas que já não fazem parte do meu cotidiano. Notei que algumas pessoas realmente têm um prazo de existência em nosso convívio, nos escapam quando dobram uma esquina, num dia qualquer. Não sei bem o que devemos fazer com isso, quando se sabe disso, quando nos deparamos com essa constatação. Vez ou outra, reencontro um ex-namorado meu. É incrível, mas nunca deixamos de nos trombar em alguma rua de Santos. E há uma felicidade em revê-lo, por alguns minutos, revisito uma lembrança boa. Porém, outras pessoas viraram numa esquina por onde nunca mais passei, tenho essa impressão. Às vezes é como se elas tivessem entrado para uma outra dimensão e passássemos a não fazer parte mais do mesmo trajeto, mesmo que a gente more na mesma cidade ou bairro. Daí, concluo: deve haver a manipulação dos encontros, desencontros - só pode! Existimos para alguns pela vida inteira ou por alguns anos ou só por semanas. Então, não adianta, as horas sempre vão levar alguém de nós, saber fazer uma boa despedida, se possível, aí, sim, é fundamental.</div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-70650141427122769422012-01-09T13:46:00.000-08:002012-01-10T01:42:50.664-08:00cartas marítimas I<div style="text-align: justify;">Santos, 23 de janeiro de 2022.<br />
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<div style="text-align: right;">Minha querida Ana,</div><br />
Escrever cartas tem acompanhado meu sossego.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aqui na praia a rotina anda em marcha lenta. As pessoas realmente esquecem do cansaço às 19h30, enquanto fazem caminhadas no calçadão ou colocam suas cadeiras de plástico próximo da faixa de areia para jogar conversa fora com algum amigo. São hábitos bastante diferentes dos nossos. Mas não reclamo, não. Isso de poder ter uma rotina mais calma está me fazendo bem. A recuperação da cirurgia das minhas pernas vai bem com isso, com essa lerdeza das horas perto do mar. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os médicos estão confiantes que voltarei a andar sem muletas tão logo. Enquanto isso, escrevo cartas e tento dar continuidade ao livro de contos, que havia começado antes de ser operada - tudo da varanda, do vigésimo andar, de frente para a orla da praia. Não sei se mencionei algo sobre este livro para você, minha amiga. Será um livro curto, com treze contos, todos entrelaçados com a mesma temática. Não vou contar o que é exatamente porque quero enviar os originais a você. Gostaria que você e Sabrina lessem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Além disso, Pedro e eu temos conversado bastante por telefone. Não tem jeito, com ele preciso do mínimo de contato real, mesmo que seja vê-lo em imaginação ao ouvi-lo. Porque ao falar com ele, acho que me recupero mais rápido, fico empolgada para terminar o livro também. No próximo final de semana, já estará de férias e poderá ficar comigo até o fim da minha estadia em Santos.<br />
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Ah, estou louca para conhecer a casa de vocês. Soube que aí tem bastante damasco, não é? Tenho uma receita de torta de damasco deliciosa. Aliás, este é o doce preferido do Pedro. Quero aprontar uma dessas quando for visitá-las. <br />
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Bom, fico por aqui, não quero me estender mais. Até porque, se você notar, essa carta está ausente de emoções. E a praia é só a praia. A cirurgia foi bem, obrigada. Pedro e eu estamos ótimos, nunca nos cuidamos tanto. E o livro flui como quem nada em rio raso, sem grandes correntezas. E você sabe, não sou assim. Preciso sempre de um <i>frisson</i>, para ganhar os dias toda corada de vontades novas e sensações pré-fabricadas, antes por uma novidade, depois pela minha capacidade de ser abduzida para um estado de euforia. Enquanto não me recupero por completo deste deserto emocional, prefiro terminar essa carta aqui. Sei que você entenderá. Mas não deixe de mandar notícias. Segundo os médicos, é muito importante para um enfermo ter os entes queridos bem perto, mesmo só em palavras.<br />
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<div style="text-align: right;">Amo você,</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;">Maria Paula.</div></div><div><div style="text-align: right;"><br />
</div></div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-955127366186160994.post-14191821150848952662011-12-27T07:19:00.000-08:002011-12-27T14:20:11.054-08:00das setes ondas<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esse ano está indo e junto dele vai também um montão de promessas cumpridas. Cumpri os desejos jogados ao mar em 1 de janeiro de 2011. Pedi lá um tanto de coisas para Iemanjá. Pulei as sete ondas. E aos passos dados para trás, naquela primeira madrugada do ano, enquanto recuava e orava por um ano prestigiado por emoções, percebia o horizonte oceânico e sonhava, um futuro, com flores, espinhos e jardins. </span><br />
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E assim foi, conheci tanta gente. Ganhei novos amigos e principalmente andei lado a lado com os velhos parceiros, gente que não me abandona nunca, e eu não os largo jamais. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vivi experiências incríveis. E trabalhei muito, na ideias e nos projetos-sem-fim.</span><br />
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Agora o ano está terminando mais uma vez. Está na hora de contar mais sete ondas, mais sete desejos. Mas o que eu gostaria mesmo é poder decolar com todos as sementes plantadas neste 2011. Dar sustância para todas elas, assim como quem devota-se às rosas polinizadoras. Porque a metáfora do jardim cabe mesmo aqui. </span><br />
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Do cuide do seu jardim e todo resto se desvela. Aconteceu comigo. O olhar horizonte do mar-floricultor condiz. Mar profundo e vida aprofundada em lírios e emoções gratuitas, complexas, vividas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Obrigada, aos deuses e aos meus queridos.</span></div>Day Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/02896623764851433514noreply@blogger.com3