29 de novembro de 2010

nada criativo

Uma página em branco pode ser o começo para uma longa novela - daquelas dramáticas: mexicana -, quando quero escrever qualquer coisa, alguma coisa, sobre algo ou alguém ou para ninguém.

Antigos vestígios de palavras pessoais, nos papéis perdidos da gaveta da minha escrivaninha, ainda me fazem sonhar com palavras bambas, literárias, escritas para este blog. Afinal, gosto dos textos confessionais, embora nem tão reais, quase sempre. Gosto da primeira pessoa na narração, gosto da narrativa sem verborragias, com muitos ou poucos adjetivos, isso fica por conta do dia. Se o dia é bom e claro, adjetivo as sentenças, mas, um dia mais assim, assado, melancólico, por que não?, crio linhas desanuviadas, esperançosas por um ponto final para a angústia.

Blá blá, um dois três, faço contagem progressiva até trinta e bato os pés em baixo da mesa, sim, aí o texto vai se formando, cria forma viva, jeito próprio, pelo menos gostaria que fosse assim.

Sem um objetivo, tento compartilhar um sentimento, uma sensação. Escrever tem disso, dizer para um olhar curioso do leitor amigo, ou ao leitor desconhecido, uma invenção qualquer da prosa das mãos daquele que não lembra como é deixar de querer escrever. O zumbido das teclas e o dedilhado às vezes frenético, às vezes espaçado, são memórias pouco esquecidas para um escrevinhador pouco criterioso. Escrever para mostrar aos outros  aquilo que poderia ser uma história só minha. Encorajo-me e lá vou eu.

Tento não furar as expectativas. E um desastre anuncia-se: penso que não consigo mais imaginar. Inspira, respira, transpiro. Vou até a cozinha, água na chaleira, um café poderia melhorar? Resolvo não saber. E tateio muita coisa acontecida nos últimos tempos, dignas de contos, crônicas ou um romance inteiro, e nada. Nadinha da Silva (ou Silvia? ou nada disso?). É, nada demais por hoje, nada de menos, por ora. Será que não sei mais contar uma história?

...

Deu branco de novo. Vixe, que papinho, hein, Dayane. Isso virou mesmo uma novela.