21 de novembro de 2011

somos todos andarilhos

       Ao Flavio,  
que deu luz à minha andança 
  
fez-se direção, da necessidade da pausa

Entre ir e ficar, sempre sigo e não quero voltar para o mesmo lugar. 
E o chão presente torna-se lembrança distante, porque desdobrou-se impulso aos calcanhares dos meus pés, rumo ao horizonte.

Entre ir e ficar, nunca esquecer a ebulição na transformação diária. Seja nos cabelos naturais que se descolorem pouco a pouco, quando termina mais um dia; seja ao vivenciar novas dimensões de um pensamento para alguma descoberta.

Entre ir e ficar, torna-se habitat natural qualquer lugar no mundo.
Mas faz-se necessário este lugar qualquer residir num lar, com paredes e chão sólidos.
Sem isso, aos moradores das ruas ou de suas anti-casas: viadutos, bancos de praça, roubaram-lhes a liberdade de ir e vir, partir ou ficar.

Entre ir e ficar, todos migram, nem todos com as mesmas condições, todos se deslocam, alguns mais, outros por caminhadas rastejantes, mas todos partimos, todos os dias.
E àqueles que acolhem nas mãos unidas em conchas alguma utopia, quando aposentarem os pés, (talvez) identifique nos seus passos rastros de poesia.




Para quê serve a utopia? (Por Eduardo Galeano)

2 comentários:

  1. É isto.É preciso chão sólido...
    Bravo!!

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  2. Minha esperança é justamente que no final eu olhe para trás e veja esse rastro de poesia que você disse.

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uma palavra, bamba?