5 de abril de 2010

manifesto da busca

Temo não ser a exceção.
Excedo os meus modos patéticos quando ninguém vê.
Dou risada sozinha para os transeuntes não espantarem o meu susto narcísico da alegria de ser só mais um na multidão.
Enxergo mal os rostos cansados do ônibus abarrotado.
Meus óculos escuros emburrecem a retina sincera do meu olhar.
Guardo segredos de liquidificador para um caos atmosférico que desanda o meu equilíbrio de bailarina desatinada.
E, assim, não lembro quando não fiz mais concessões. E retiro da bolsa um cartão amarelo para aqueles que sabem fazer um pedido bem feito. Então, concedo... sem um não! Ofereço a minha bondade abusada e construo uma culpa vã, pela caridade exagerada.
Olho para trás e tenho a impressão de ter perdido tempo quando não era para ter juízo.
E se, hoje tenho a  razão, quero dar-lhe todo o impulso possível... para caminhar na corda bamba da emoção do tato no estalo da dor de ser unicamente parte de todo mundo.
Eu sou um milhão em mim, de um milhão de gente que vive e ama e sua e ri... como já disse algum poeta.
Eu não sou o outro. Sou eu mesma. Mas, confundo o meu querer com o seu desejo e já não sei mais quem sou... perco o meu critério e me desrespeito. Respeito o querer alheio e desajeito o meu próprio conselho de amar a mim, antes de tudo. Pois, não sou capaz de rezar a minha cartilha e acabo pregando pela religião do próximo.
Estúpida, não?!
Porque ainda não sei o meu destino, embora, a campainha moralista da minha identidade oca toque e lembre a hora de ser mulher, profissional, cidadã, filha, amiga e algo muito maior que nunca serei... o meu verdadeiro Eu, com conotação estética vivaz e primária de mim mesma, só aberta para obras do outro, ou seja, sempre com alguma concessão.

6 comentários:

  1. Como diria Marisa Monte:
    "Eis o melhor e o pior de mim
    O meu termômetro, o meu quilate
    Vem, cara, me retrate
    Não é impossível
    Eu não sou difícil de ler
    Faça sua parte
    Eu sou daqui, eu não sou de Marte
    Vem, cara, me repara
    Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
    Só não se perca ao entrar
    No meu infinito particular..."

    lindo e sensivel, assim como seu infinito particular
    Amanda - 06 de abril de 2010

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  2. Não pra uma mudança de casa.
    Pra uma mudança de vida:

    Some things never change
    Or go away
    I wait around
    And now it’s yesterday
    Like some little kid
    Who’s overgrown
    The lonely one
    Who’s never been alone

    But I don’t want to ever go back
    To my old ways
    Cheatin’ and creepin’ around
    I don’t ever want to go back
    To the old days
    Leaving the dead underground
    But I don’t ever want to go
    No, I don’t ever want to go back
    To my old ways again

    Always waiting for
    The rain to stop
    And praying for
    The other shoe to drop
    Let your worries go
    We’re all in love
    A tidal wave
    That comes from up above

    But I don’t want to ever go back
    To my old ways
    Cheatin’ and creepin’ around
    I don’t ever want to go back
    To the old days
    Leaving the dead underground
    I don’t ever want to go
    No, I don’t ever want to go back
    To my old ways again
    I don’t want to go back
    To my old ways again

    (My old ways - Dr. Dog)

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  3. Não tenho outra coisa a dizer a não ser: AMEI!

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  4. Tbm olho para trás e tenho a impressão de ter perdido tempo quando não era para ter juízo...

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  5. Temo ser excessões sem açucenas. Ser o assunto eleito por palavras gris. O Bruno pode passar com sua voz rochosa, que ninguém vê. No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra. E era vc. Que não me lê. Comprei uma concessionária de vozes marinhas, mas eu tenho ouvido tapado, desde aquele abril. A vida é a flor torta que floresce na chaga e o poema o que floresce em fuzil.

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uma palavra, bamba?