17 de setembro de 2011

"eu que não sei quase nada do mar"

Para Bri


eu nunca soube muito de barcos. 
desde muito cedo, ouvia seus apitos nas manhãs da minha infância. navios que saíam do porto, atravessavam a Ponta da Praia, onde eu morava, e partiam para lugares distantes de mim. 
meu pai sabe. é um portuário nato. trabalha no ramo há mais de trinta anos. 
eu, não. sei do zumbido. do zuuuuu. do adeus em silêncio.
eu também nunca conheci um marinheiro contador de causos. e muito menos pratiquei surf. 
mas sei do cheiro da maresia. sinto-a quando coloco os pés na rua, quando saio de casa. porque morar na praia tem dessas peculiaridades. cheiro de mar/ sal abraça-o diariamente.
a minha paisagem rotineira, quando residia num dos extremos de Santos e precisava me deslocar pela cidade, era a orla inteira. só pra mim. sentava no banco mais alto do ônibus e olhava para o infinito, como quem faz uma prece para começar a labuta. 
hoje, fiz um barquinho tatuado no braço, é vermelho escarlate. marca um momento especial, de rupturas, e fecha um ciclo. talvez, o retorno de saturno, segundo a leis dos astros. diz de mergulhos. e de um amigo vidrado em barcos de papel.
diz do meu amor e o mar.
eu que não sei nada do mar. 
nem de amar.





"Eu que não sei nada do mar", por Maria Bethânia

2 comentários:

  1. Ah mar :) Que legal que tatuou um barquinho!Eu queria tatuar aquele peixe da entrada de Santos no meu braço, me remete a muitos significados também, entre, claro, o mar e o inconsciente. Mas me disseram que aquele peixe é conhecido como o "clitóris" de Santos!rs... achei que não seria tão apropriado. Mas depois, pensando bem...
    Um bom começo de ciclo para você:)Deve ser muito bom fechar um!
    beijos

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  2. Se não sabes de amar eu não sei, mas que dizes de forma bela do amor... nisto há sensibilidade.
    Quero ver o barquinho. Beijos

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uma palavra, bamba?