11 de fevereiro de 2012

da perspectiva de quem vai

quando o táxi arrancou, nos despedimos em quereres conflitantes, e você segurou-se no levante do impulso do soluço, e seus olhos marejaram, e eu olhei pela janela, dentro do carro, te deixando presa num quadro concreto, de carne e osso. quando fui me vendo partir, e ir, vi como é ficar, e como é querer ir, e já fui, já estou, longe de casa, da praia, dos canais, dos meus melhores e piores anos na Santos que sempre será minha referência, meu colo amigo e briga familiar. quando a ficha caiu, quando senti um calor solar e um vento baiano nos cabelos, não segurei a emoção, porque os meus olhos presos naquela cena de você me amar e me deixar ir é a extensão do nosso cordão umbilical e a ruptura das raízes paulistas - por ora?

Bahia, 11 de fevereiro de 2012.

6 comentários:

  1. enquanto escrevo continuo arrepiada.
    Eu entendi.eu senti.
    boa sorte!

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  2. Day, acho que o melhor texto seu que eu ja li.
    Ai, como faz bem sair da zona de conforto.
    E quando não fizer mais, estaremos aqui!

    ;)

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  3. essa sensação de que, por ora, toda viagem continua sendo uma forma de voltar - nem que seja ao proprio centro. não há ninguem sem pais orgulhosos. sim, voa muito e muito alto. coloca a mão no mar de lá, porque ele é o mesmo daqui. a bahia é logo ali ! beijos querida.

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  4. Day, querida! Quando eu li a parte dos "olhos presos naquela cena de você me amar e me deixar ir", lembrei dessa história aqui:

    "Ai, preciso te falar uma coisa. Ontem eu encontrei Fulano. Acho que eu nunca falei dele, né? Fulano foi um graaaande amor que eu tive na adolescência. Meu primeiro amor, essa é a verdade. Éramos do mesmo colégio, ele um pouco mais velho, bonito...lindo, vai! Eu ficava de olho, era uma pirralha, aquela coisa de colégio de ficar vendo os caras mais velhos...não tinha esperança, mas ficava toooda toda quando ele passava, jogava um charminho (putz, eu era péssima nisso, mas fazia o que podia! hahaha!). Depois eu soube por umas amigas que ele ficava de olho também. Hummm! Daí eu já senti que tava me apaixonando. Ele se aproximou aos poucos e tal...e a gente ficou, numa festa lá, essas coisas. Só que eu era muito novinha, colegial, imagina?, tava muito insegura com aquilo tudo que eu sentia por ele. Ele gostava de mim, eu sentia isso, e ele se declarava e tudo...mas, juro, não sei o que aconteceu, sentia uma pressão, um aperto estranho por dentro...só sei que um belo dia deu um tilt e eu precisava sair daquilo. Virei pra ele e falei "Fulano, eu te amo, mas não consigo, não adianta...eu te amo, e adoraria conseguir, mas não consigo". Ele chorou um mooonte, quase não falou nada, saiu cabisbaixo. Eu também chorei muito, mas na hora era o que eu achava que tinha que ser feito, sei lá...sabe? Enfim. O tempo passou, e ele ficou com uma menina do colégio. AAAFF! Eu quis morreeer! Filho da puta...bonito, e a menina era bonita...grrr! Hahaha! Na verdade ele não foi filho da puta, não fez nada de errado, mas eu quis xingar ele loucamente! Daí não xinguei, claro, mas fui e fiquei com um cara do colégio também. Ele soube...e ficou com uma segunda...com uma terceira...e por aí foi, até ele namorar com a bendita da primeira depois de mim, a vaca. Até que um dia aquilo de "ficar com alguém pra deixar o outro com raiva" não fazia sentido, e eu encontrei Beltrano, namoramos por uns anos e tal, você sabe dessa história...e ele namorando aquela menina lá da escola...e ele se formou, e eu não o vi mais, e nós nos afastamos. Daí ontem, do nada, ele no metrô (!), eu tava de bobeira, ele também, daí fomos tomar um café, total inusitado. Eu queria saber como tava a vida dele, o que ele foi fazer de faculdade...ele falou dele, eu falei de mim e tal. Daí bom...entramos no assunto "relacionamentos". Ele contou que namorou esta porra desta menina aí do colégio (tá, não tenho mais raiva, claro, mas na época eu tinha muita raiva! hahaha!), e eu falei que namorei também um cara, que não era do colégio, que ele nunca conheceu, mais ou menos na mesma época...ele terminou o namoro faz pouco tempo também, menos de um ano...daí eu perguntei "e por que não deu certo com Fulana?". Ele disse lá qualquer coisa de incompatibilidade de gênios, de planos e blabla. Falei do fim do meu namoro, de como tinha sido, você sabe né. Daí olha sóóó (!)o que ele me lança: "Pois é, eu namorei Fulana, fui feliz, não vou reclamar não. Mas a verdade é que eu não gostaaaava dela. Acho que eu posso te falar isso, depois de tantos anos...a verdade é que depois de você eu nunca gostei de ninguém tanto quanto eu gostei de você.". Daí eu respondi: "Fulano, então da próxima vez que uma mulher der tilt, que não consegue e falar que precisa ir, faz um favor? Não deixa ela ir! Não deixa!... simplesmente não deixa."

    Minhas orelhas, alguma tarde de 2011

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uma palavra, bamba?