Não ter uma inspiração pronta prejudica o sucesso do texto. Nestes tempos de tantas mudanças, tentar poetizar tem sido difícil. Além disso, ando muito careta, sem vida boêmia, sem cigarros, ando apagada pela falta do último trago, da falta da lua antes de amanhecer. Muito pelo contrário, agora bebo chá para dormir e vou para cama depois da novela das oito. Mas escrever é fingir, viu. Por isso, ando querendo fingir tudinho, o amor, o gozo e a dor. Posso? Ah, caro inspetor dos sentimentos alheios, você que parece saber de tudo, você que recrimina a doçura, me deixe em paz, porque quero guardar o meu soluço esperançoso numa prosa ou num conto, sem a sua censura. Afinal, ainda sonho com uma vida menos patética, menos ácida. Não diga aquilo que devo pensar ou sentir, sua política não cabe em mim, pois sua rebeldia não me assusta. Dá para respirar romances e atuar na desorganização do crime armado, tudo ao mesmo tempo. A linguagem literária rasga e destroça gente imbecilizada, já tentou desta maneira? Poesia nunca foi resultado de ignorância da fome. Um poema pode segurar o suplício de uma nação inteira ou ser um tiro no pé do fulano desatento com a sua condição.
Isso aqui é só uma nota, no próximo post trabalho melhor as ideias, mesmo se não tiver inspiração suficiente.
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